Esta semana em dois momentos diferentes tive a oportunidade de ver e ler uma entrevista e uma nota que me chamaram atenção. A primeira, uma entrevista, feita com Mara Gabrilli por Paulo Fernando em seu site www.comunidademoda.com.br, e a nota na Ilustrada desta 6ª feira 30 de Agosto. Nos dois casos falava-se sobre moda, mas com enfoques distintos entre um e outro.
O motivo de escrever sobre o assunto diz respeito exatamente a essa maneira com que o assunto foi tratado, pois não se falava de moda de uma maneira habitual, mas o interesse mais específico voltava-se sobre o vestir por pessoas com necessidades especiais. Na verdade o que me chama atenção é a maneira como falamos da moda quando ela é destinada a estas pessoas: inclusiva.
Não foi esse o caso na entrevista com Mara Gabrilli, é preciso ressaltar, já que lá o assunto moda é tratado com a naturalidade que merece ser, pois entrevistador e entrevistada conversaram com tranqüilidade a respeito de gosto, de adequação, de opções do vestir a partir do que é oferecido de maneira geral e como podem ser escolhidas as peças do guarda roupa. Um ponto importante da conversa refere-se ao estilo de vestir adotado pela entrevistada, a partir do que ela considera mais adequado e confortável.
A nota do jornal, por sua vez, trazia o título “Inclusiva” para falar do trabalho de um designer que se propôs a criar uma coleção pensada para o público apontado acima, tanto no que se refere a cadeirantes como a deficientes visuais. Não vou falar sobre a coleção, pois não a conheço e nem é esse o meu objetivo. Interessa-me refletir a respeito da questão da inclusão.
Há alguns anos pesquiso a relação dos deficientes visuais e a moda e, por várias vezes, por trazer nas peças que confecciono uma etiqueta em Braille, é comum que se refiram a este trabalho como se fossem feitas peças de roupa pensadas única e exclusivamente para estas pessoas e, que ao fazê-las, eu promovesse a inclusão deles e delas no mercado de moda. E essa é uma pergunta que insiste em se revirar em minha mente: de fato o que se promove é inclusão ou independência. Tendo a responder que de fato o resultado desse trabalho é trazer independência aos deficientes visuais, principalmente no que se refere ao momento da escolha e compra de suas roupas, mas não somente, pois quando de posse dessas peças em seu cotidiano acaba havendo maior facilidade na escolha das peças em seus guarda roupas.
Oferecer referências táteis variadas é uma opção do designer para uma coleção e, tal atitude, atende não apenas aqueles que não podem ver, mas a todos nós, pois por menos que percebamos nosso mundo é envolto em experiências táteis e, de acordo com Ashley Montagu, não viveríamos sem o tato, sentido de extrema importância para qualquer pessoa.
Ao pensar nas roupas criadas para cadeirantes penso que mais importante que pensar em inclusão, é preciso estar atento a detalhes que interessam a qualquer um como aparência, qualidade, adequação, conforto, não necessariamente nesta ordem, mas considerar cada um destes fatores dará a estas pessoas mais oportunidades de socialização, livrando-as de um lugar em que elas devem se adequar ao que é oferecido que na maioria das vezes não é adequado, seja pela impropriedade da modelagem aos seus corpos ou, por outro lado, por não deixar transparecer, por meio da roupa, o que cada uma delas gostaria de falar a seu respeito, já que sabemos que com o que vestimos comunicamos um pouco a respeito de quem somos e como estamos. E na construção desse produto é necessário também pensar as referências táteis presentes nas mais diversas bases têxteis. O moletom é uma delas, mas não deve ser a única.
Como é feito por um designer no momento em que começa a pensar sua coleção alguns pontos relevantes referem-se à forma, silhueta, caimento, proporções entre tantos outros. Dessa maneira além de pensar em como uma peça de roupa será vestida deve-se observar como ficará vestida por uma pessoa que se apresentará sempre sentada em sua cadeira. Imagino, mas não tenho certeza já que não pesquisei a esse respeito que, a inclusão se faça não apenas em desenvolver coleções pensadas em como um cadeirante irá vestir sua camisa, blusa, costume ou calça, saia, bermuda, mas como as proporções destas peças ficarão adequadas e farão com que se sinta bem ao usá-las sobre o seu corpo.
Estas são reflexões que não tem intenção de definir parâmetros e muito menos determinam um ponto final no assunto, mas que exponho com a esperança e, principalmente, o desejo de que abram outras reflexões. Desejo que vive e anima a vida de cada pessoa com necessidades específicas e que, com certeza, também querem se sentir bem e bonitas e que para elas a moda também pode ser um objeto a ser alcançado.
Independente de toda e qualquer elocubração de minha parte a respeito de Inclusão ou Independência fico feliz por ver incluído este assunto tanto no site www.comunidademoda.com.br quanto n0 Última Moda da Ilustrada. Parabéns Paulo Fernando e Vivian Whiteman. E quero, especialmente, cumprimentar a Virgemaria por incluir essas pessoas em sua coleção de Verão 2001 e em sua vida. Que venham outras coleções!!! Abraços.
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
Inclusão, independência e referências táteis
Esta semana em dois momentos diferentes tive a oportunidade de ver e ler uma entrevista e uma nota que me chamaram atenção. A primeira, uma entrevista, feita com Mara Gabrilli por Paulo Fernando em seu site www.comunidademoda.com.br, e a nota na Ilustrada desta 6ª feira 30 de Agosto. Nos dois casos falava-se sobre moda, mas com enfoques distintos entre um e outro.
O motivo de escrever sobre o assunto diz respeito exatamente a essa maneira com que o assunto foi tratado, pois não se falava de moda de uma maneira habitual, mas o interesse mais específico voltava-se sobre o vestir por pessoas com necessidades especiais. Na verdade o que me chama atenção é a maneira como falamos da moda quando ela é destinada a estas pessoas: inclusiva.
Não foi esse o caso na entrevista com Mara Gabrilli, é preciso ressaltar, já que lá o assunto moda é tratado com a naturalidade que merece ser, pois entrevistador e entrevistada conversaram com tranqüilidade a respeito de gosto, de adequação, de opções do vestir a partir do que é oferecido de maneira geral e como podem ser escolhidas as peças do guarda roupa. Um ponto importante da conversa refere-se ao estilo de vestir adotado pela entrevistada, a partir do que ela considera mais adequado e confortável.
A nota do jornal, por sua vez, trazia o título “Inclusiva” para falar do trabalho de um designer que se propôs a criar uma coleção pensada para o público apontado acima, tanto no que se refere a cadeirantes como a deficientes visuais. Não vou falar sobre a coleção, pois não a conheço e nem é esse o meu objetivo. Interessa-me refletir a respeito da questão da inclusão.
Há alguns anos pesquiso a relação dos deficientes visuais e a moda e, por várias vezes, por trazer nas peças que confecciono uma etiqueta em Braille, é comum que se refiram a este trabalho como se fossem feitas peças de roupa pensadas única e exclusivamente para estas pessoas e, que ao fazê-las, eu promovesse a inclusão deles e delas no mercado de moda. E essa é uma pergunta que insiste em se revirar em minha mente: de fato o que se promove é inclusão ou independência. Tendo a responder que de fato o resultado desse trabalho é trazer independência aos deficientes visuais, principalmente no que se refere ao momento da escolha e compra de suas roupas, mas não somente, pois quando de posse dessas peças em seu cotidiano acaba havendo maior facilidade na escolha das peças em seus guarda roupas.
Oferecer referências táteis variadas é uma opção do designer para uma coleção e, tal atitude, atende não apenas aqueles que não podem ver, mas a todos nós, pois por menos que percebamos nosso mundo é envolto em experiências táteis e, de acordo com Ashley Montagu, não viveríamos sem o tato, sentido de extrema importância para qualquer pessoa.
Ao pensar nas roupas criadas para cadeirantes penso que mais importante que pensar em inclusão, é preciso estar atento a detalhes que interessam a qualquer um como aparência, qualidade, adequação, conforto, não necessariamente nesta ordem, mas considerar cada um destes fatores dará a estas pessoas mais oportunidades de socialização, livrando-as de um lugar em que elas devem se adequar ao que é oferecido que na maioria das vezes não é adequado, seja pela impropriedade da modelagem aos seus corpos ou, por outro lado, por não deixar transparecer, por meio da roupa, o que cada uma delas gostaria de falar a seu respeito, já que sabemos que com o que vestimos comunicamos um pouco a respeito de quem somos e como estamos. E na construção desse produto é necessário também pensar as referências táteis presentes nas mais diversas bases têxteis. O moletom é uma delas, mas não deve ser a única.
Como é feito por um designer no momento em que começa a pensar sua coleção alguns pontos relevantes referem-se à forma, silhueta, caimento, proporções entre tantos outros. Dessa maneira além de pensar em como uma peça de roupa será vestida deve-se observar como ficará vestida por uma pessoa que se apresentará sempre sentada em sua cadeira. Imagino, mas não tenho certeza já que não pesquisei a esse respeito que, a inclusão se faça não apenas em desenvolver coleções pensadas em como um cadeirante irá vestir sua camisa, blusa, costume ou calça, saia, bermuda, mas como as proporções destas peças ficarão adequadas e farão com que se sinta bem ao usá-las sobre o seu corpo.
Estas são reflexões que não tem intenção de definir parâmetros e muito menos determinam um ponto final no assunto, mas que exponho com a esperança e, principalmente, o desejo de que abram outras reflexões. Desejo que vive e anima a vida de cada pessoa com necessidades específicas e que, com certeza, também querem se sentir bem e bonitas e que para elas a moda também pode ser um objeto a ser alcançado.
Independente de toda e qualquer elocubração de minha parte a respeito de Inclusão ou Independência fico feliz por ver incluído este assunto tanto no site www.comunidademoda.com.br quanto n0 Última Moda da Ilustrada. Parabéns Paulo Fernando e Vivian Whiteman. E quero, especialmente, cumprimentar a Virgemaria por incluir essas pessoas em sua coleção de Verão 2001 e em sua vida. Que venham outras coleções!!! Abraços.
O motivo de escrever sobre o assunto diz respeito exatamente a essa maneira com que o assunto foi tratado, pois não se falava de moda de uma maneira habitual, mas o interesse mais específico voltava-se sobre o vestir por pessoas com necessidades especiais. Na verdade o que me chama atenção é a maneira como falamos da moda quando ela é destinada a estas pessoas: inclusiva.
Não foi esse o caso na entrevista com Mara Gabrilli, é preciso ressaltar, já que lá o assunto moda é tratado com a naturalidade que merece ser, pois entrevistador e entrevistada conversaram com tranqüilidade a respeito de gosto, de adequação, de opções do vestir a partir do que é oferecido de maneira geral e como podem ser escolhidas as peças do guarda roupa. Um ponto importante da conversa refere-se ao estilo de vestir adotado pela entrevistada, a partir do que ela considera mais adequado e confortável.
A nota do jornal, por sua vez, trazia o título “Inclusiva” para falar do trabalho de um designer que se propôs a criar uma coleção pensada para o público apontado acima, tanto no que se refere a cadeirantes como a deficientes visuais. Não vou falar sobre a coleção, pois não a conheço e nem é esse o meu objetivo. Interessa-me refletir a respeito da questão da inclusão.
Há alguns anos pesquiso a relação dos deficientes visuais e a moda e, por várias vezes, por trazer nas peças que confecciono uma etiqueta em Braille, é comum que se refiram a este trabalho como se fossem feitas peças de roupa pensadas única e exclusivamente para estas pessoas e, que ao fazê-las, eu promovesse a inclusão deles e delas no mercado de moda. E essa é uma pergunta que insiste em se revirar em minha mente: de fato o que se promove é inclusão ou independência. Tendo a responder que de fato o resultado desse trabalho é trazer independência aos deficientes visuais, principalmente no que se refere ao momento da escolha e compra de suas roupas, mas não somente, pois quando de posse dessas peças em seu cotidiano acaba havendo maior facilidade na escolha das peças em seus guarda roupas.
Oferecer referências táteis variadas é uma opção do designer para uma coleção e, tal atitude, atende não apenas aqueles que não podem ver, mas a todos nós, pois por menos que percebamos nosso mundo é envolto em experiências táteis e, de acordo com Ashley Montagu, não viveríamos sem o tato, sentido de extrema importância para qualquer pessoa.
Ao pensar nas roupas criadas para cadeirantes penso que mais importante que pensar em inclusão, é preciso estar atento a detalhes que interessam a qualquer um como aparência, qualidade, adequação, conforto, não necessariamente nesta ordem, mas considerar cada um destes fatores dará a estas pessoas mais oportunidades de socialização, livrando-as de um lugar em que elas devem se adequar ao que é oferecido que na maioria das vezes não é adequado, seja pela impropriedade da modelagem aos seus corpos ou, por outro lado, por não deixar transparecer, por meio da roupa, o que cada uma delas gostaria de falar a seu respeito, já que sabemos que com o que vestimos comunicamos um pouco a respeito de quem somos e como estamos. E na construção desse produto é necessário também pensar as referências táteis presentes nas mais diversas bases têxteis. O moletom é uma delas, mas não deve ser a única.
Como é feito por um designer no momento em que começa a pensar sua coleção alguns pontos relevantes referem-se à forma, silhueta, caimento, proporções entre tantos outros. Dessa maneira além de pensar em como uma peça de roupa será vestida deve-se observar como ficará vestida por uma pessoa que se apresentará sempre sentada em sua cadeira. Imagino, mas não tenho certeza já que não pesquisei a esse respeito que, a inclusão se faça não apenas em desenvolver coleções pensadas em como um cadeirante irá vestir sua camisa, blusa, costume ou calça, saia, bermuda, mas como as proporções destas peças ficarão adequadas e farão com que se sinta bem ao usá-las sobre o seu corpo.
Estas são reflexões que não tem intenção de definir parâmetros e muito menos determinam um ponto final no assunto, mas que exponho com a esperança e, principalmente, o desejo de que abram outras reflexões. Desejo que vive e anima a vida de cada pessoa com necessidades específicas e que, com certeza, também querem se sentir bem e bonitas e que para elas a moda também pode ser um objeto a ser alcançado.
Independente de toda e qualquer elocubração de minha parte a respeito de Inclusão ou Independência fico feliz por ver incluído este assunto tanto no site www.comunidademoda.com.br quanto n0 Última Moda da Ilustrada. Parabéns Paulo Fernando e Vivian Whiteman. E quero, especialmente, cumprimentar a Virgemaria por incluir essas pessoas em sua coleção de Verão 2001 e em sua vida. Que venham outras coleções!!! Abraços.
3 comentários:
Profº Geraldo, sempre acertando... Tudo e todos que defendem a inclusão merecem destaque, e ainda mais aqui na CASA3, onde contamos com você que nem precisamos dizer que é mais que indicado para falar sobre o assunto. Parabéns pelo texto e aproveitando, por esse novo projeto, a CASA3. Grande abraço.
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Caro Geraldo,
ResponderExcluirAdorei o seu texto. Muito se tem a discutir sobre moda "inclusiva". Bjs Mariana Roncoletta
Profº Geraldo, sempre acertando... Tudo e todos que defendem a inclusão merecem destaque, e ainda mais aqui na CASA3, onde contamos com você que nem precisamos dizer que é mais que indicado para falar sobre o assunto. Parabéns pelo texto e aproveitando, por esse novo projeto, a CASA3. Grande abraço.
ResponderExcluirMariana, vamos abrir o debate?
ResponderExcluirE Emerson, obrigado!